quarenta e sete e um

 

Naquele dia a morte instalou-o
confortavelmente no céu. Lá se foi
com seus modos humanos, seus caprichos
e um notório acanhamento em público
(há-de a princípio faltar-lhe à-vontade entre os anjos).

 

Acho mais graça às redes pessoais que às redes sociais.
Estou nas redes sociais para não ser um primata.
Mas estou com a falta de à-vontade natural nos primatas.

 

4 comments on “quarenta e sete e um

    • Luis says:

      Um dia destes ouvi na rádio um gajo duma banda qualquer a descrever o que era a rotina dele no ‘antigamente’
      Era sair e passar na casa do Kid e depois irem a casa do Zé Alberto.
      Ou então para o café do costume, onde o pessoal aparecia.

      Agora os encontros são em grande parte no telefone.
      Não se vai a casa do Kid e do Zé Alberto. Trocam-se mensagens com A X Q L X M L O M N Q R e S.

      Graças a deus não será no meu tempo. Dois enamorados acariciam-se esfregando os telemóveis pelo corpo.

  • Isabel Pires says:

    Até no trabalho, estando-se fisicamente próximo das pessoas, verifico que se está a instalar a tendência do enviar mail, mensagem, para tratar de uma coisa da treta que se pode resolver com palavras ao vivo e presença.

    É muito raro andar pelas redes, a não ser que precise de contactar uma pessoa que apenas consigo por ali.
    Mas também é muito raro ter esse tipo de convívio do antigamente. E a mim aplica-se literalmente o facto de não conhecer os vizinhos.
    (Mas a raridade que me acontece desse convívio à antiga é muito boa.)

    Oiço relatar que há bastante interacção desse tipo via hangouts, e sei que há pessoas que só funcionam assim no departamento do “amor” (tem aspas, não me crucifiquem).

    • Luis says:

      No trabalho não me importa muito que existam relações maquinais.

      Mas fora dele não é bom perder-se a riqueza do contacto pessoal.

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