à beira do mar
digo o teu nome
(em segredo)
digo o teu nome
(em segredo)
Por que raio queremos nós saber o que nos falta, quando nem sabemos o que temos?
com as manhãs que nos recebem assim nas suas grutas frias
ou talvez estejam só tristes
Eu egocêntrico. Eu que me tenho em alguma conta. Eu que sempre tentei ser independente e não contar com o acaso para nada.
Esse mesmo eu, sozinho não é nada. Até para escrever preciso de inspiração. De alguém ou de algo. Seja um amor, um copo ou uma flor.
Para a satisfação plena do que fiz, preciso que alguém (que não eu) olhe e aprecie.
E assim que me resta? Uma dependência total e absoluta. Do amor, do copo e da flor.
E dos outros. De ti e de ti.
não sei outra maneira
de sair à rua e não haver rua. Depois caminhava ao longo de rua nenhuma e os passos fugiam
abandonam-me ali
e porque haveria de haver ruas ou sítios onde há ruas?
porque há-de haver rugas e cachecóis e cabelo? O trabalho de pensar isso tudo.
Rectas. É o que há. Longas rectas que não pensam.
dá-me as tuas
só aí me reconheço
nelas não há tempo. nelas posso partir.
Há alturas em que devia ser obrigatório responder: Vai-te foder!
Qualquer outra coisa é estar com paninhos quentes e calar o que não faz sentido ser calado.
É como ouvir a melhor música do mundo, daquelas que nos fazem ouvir sininhos, e dizer “é gira” a encolher os ombros.
Devia haver uma lei que obrigasse a fazer-se justiça a todos os sacanas e sacanices que acontecem por aí. Quando alguém merece mesmo ser mandado à merda, há que o mandar à merda. É normal. É do mais elementar bom senso.
uma fatia de tecido
outra fatia de tecido. mais fina.
e finalmente a pele.
um ramo noutro ramo
e a voz baixinho junto ao peito